O DESAFIO DOS SINDICATOS FRENTE A COVID-19
Desde o início da pandemia, pesquisadores brasileiros apontaram para a necessidade da participação dos trabalhadores e de entidades sindicais na elaboração dos protocolos sobre as condições dos locais de trabalho, entre outras medidas. No mês de maio a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT), de modo conjunto, publicaram o documento “Preventing and mitigating Covid-19 at work”. Esse documento incorpora a premissa defendida por pesquisadores brasileiros, uma diretriz que aponta para a necessidade de participação dos sindicatos de trabalhadores na elaboração do planejamento para prevenção e mitigação da transmissão da Covid-19 no trabalho, e pode ser um ponto de apoio, uma referência no combate à doença.
O movimento sindical brasileiro passa por um grande desafio no enfrentamento das dificuldades vividas pelos trabalhadores durante a pandemia da Covid-19. Existem diversas pautas de luta e mobilização, como, por exemplo, os temas relacionados ao desemprego, as negociações de demissões, jornada de trabalho, o estabelecimento dos protocolos de segurança em relação à doença pandêmica, a vacinação e o planejamento do retorno ao trabalhado. Mas o tema da Covid-19, em si, aponta para aspectos relevantes em relação a Saúde do Trabalhador.
É dever e obrigação das empresas garantir a testagem de todos os seus trabalhadores. Principalmente empresas que lidam com o público. Da mesma forma, sempre que ocorrerem casos confirmados dentro de um local de trabalho, todos que tenham tido contato com aqueles que apresentaram a doença devem ser testados para monitoramento. É importante ainda que as empresas façam testagens de detecção do vírus (RT-PCR ou similar) semanalmente, mesmo nos trabalhadores sem sintomas. Os especialistas orientam que a amostragem têm de obedecer a critérios como setores e mapeamento da movimentação dos trabalhadores, de forma que se contemple 25% do contingente total a cada semana, e com isso pode-se ter um quadro epidemiológico mais claro da empresa. Sugere-se, ainda, que o SESMT apresente um plano de vigilância em saúde, a ser submetido aos órgãos de vigilância do Sistema Único de Saúde (SUS), porque o interior das empresas é território de atuação no âmbito da saúde coletiva, entre outras medidas extremamente necessárias de serem adotadas.
Os sindicatos têm diante de si desafios gigantescos. Existe a necessidade de uma forte atuação sindical no âmbito da saúde do trabalhador e no âmbito jurídico. A participação direta dos trabalhadores será determinante na luta contra a Covid-19. Como também uma forte atuação sindical poderá salvar vidas.